Um Certeiro Déjà Vu
- Eduardo Worschech

- 4 de nov.
- 2 min de leitura

Estive com minha cabeça nas órbitas elípticas ultimamente, achatado entre dois pontos de maneira bastante evidente, e que em busca do apogeu, encontrei-me aqui mesmo no presente.
Ao déjà vu circunstancial, fruto desta árvore que um dia foi broto, que se choca por destino na mesma régua que se mede, o quanto de tristeza cabe ali naquele coração.
Na exaustiva singularidade, que nunca poderia ser tratada como um mero capricho da vontade, a sobreposição entre percepção do já vivido e a memória do agora acontecido, torna-se por extensão um único e mesmo desafio.
Talvez em sua contingente composição, sua forma pode apresentar-se como ilusão, pois em sua fisionomia de origem, cabe ao vidente esboçar de uma maneira ainda precária um desenlace que já teria se mostrado concreto, naquele piscar de olhos.
Dos delírios persecutórios, prováveis rachaduras bem visíveis e palpáveis, acrescentasse toda uma frieza bipolar, não de vidas já vividas, mas apenas de situações vivenciadas.
A gravidade assim deixa de ser uma força, para tornar-se um descaminho percorrido, e ao peso daquela gota de chuva que cai das nuvens, supera em muito o esmagamento que se sente no coração.
Poderia atribuir estas percepções a falsos reconhecimentos, pois enganoso em sua dimensão temporal seriam, como o grão de areia que na ampulheta se desfaz.
Esta conveniente suspensão cognitiva, própria do ressabiado ente vivo, coloca para dizer uma multidão de devaneios, duplicação de olhares e ouvidos; assim como uma constelação de rumores pensativos.
Mas sua conivência por demasiada subjetiva, tem como alicerce uma permissão não concedida, um fulcro degenerativo do ponto de vista emocional; fratura de sua queda do Olimpo.
Tudo isso leva-nos a crer que a cada passo em falso, um cadafalso transmuta-se em sina, e todo aquele delicioso suspirar de tranquilidade, carrega um pesado fardo mnemônico.
E são nos hiatos que um intermezzo prolonga efeitos emocionais, incólume obstáculo que não ruga sua face e não vangloria-se de seu saber, pois entregue esta sem misericórdia aos desígnios mais contundentes.
Sem quaisquer vir-a-ser, este destino compreende somente as trilhas percorridas, e as pegadas designam um sobreviver, que exausta-se com toda resposta que não se coaduna com esta escassez.
As vestes da pouquidade nunca podem reluzir a exuberância do excesso, do sobejar independente, próprio da revolta do oceano em sua grandeza.
Quão bela a harmônica daquelas paralelas moventes que se formam por padrões vibratórios da alegria não -nomeada das águas, que atravessam despropositadamente de margem a margem, sem expectativas, nem obrigações.
Ali estaria a forma por completa de uma sobrelevação do déjà vu, por absoluta dissipação do asfixiante retorno do sempre mesmo mal, pois por repetição reparatória não-intencional, que estabelecesse uma verdadeira orquestra em prol da vida, solfejar metódico da mais altruísta alegria; aquela única que verdadeiramente existe.




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